Empresa ambidestra: saiba o que significa e porque vale a pena ser uma
Uma empresa ambidestra pode não ser imune às dificuldades, mas é bem provável que, quando elas surjam, os impactos negativos sejam menores.
A razão para isso é que, trabalhando com a ambidestria, elas se habilitam a manter a excelência operacional sem perder de vista a inovação.
Aliás, sobre isso uma pesquisa da Gartner é reveladora. De acordo com o estudo, os principais impulsionadores da inovação hoje incluem melhorar a experiência do cliente (53%), aumentar a receita (53%) e desenvolver novos produtos e serviços (45%).
Todos esses três aspectos podem ser muito melhor desenvolvidos quando a empresa se torna ambidestra.
Conheça esse conceito e como fazer para materializá-lo em sua empresa.
O que é uma empresa ambidestra?
Nos esportes, um atleta ambidestro é aquele que consegue utilizar com a mesma desenvoltura ambas as mãos ou pés para praticar a sua atividade.
Trata-se de uma tremenda vantagem porque, assim, é muito mais difícil para o adversário exercer algum tipo de marcação para limitar as ações.
Por analogia, uma empresa ambidestra é aquela que consegue se manter eficiente na parte operacional sem deixar de lado o processo de renovação de suas práticas.
Isso sem contar que, com essa pegada, a empresa ganha corpo para se tornar disruptiva, colocando-a em um patamar ainda mais diferenciado.
Como levar uma empresa à ambidestria?
Por outro lado, empresas são mais ou menos como pessoas. Elas tendem a conservar seus hábitos e, no geral, são resistentes às mudanças, ainda mais quando estão indo bem.
Contudo, a experiência de fracasso de diversas empresas que sucumbiram, mesmo tendo se tornado líderes de mercado, mostra que o conservadorismo é uma postura perigosa.
Tendo em vista a dificuldade em implementar processos permanentes de inovação, são sugeridas quatro abordagens para desenvolver a ambidestria:
- Manter um setor ou unidade destacada da empresa com foco em atividades de exploração de novas soluções e mercados
- Reservar um período de tempo para fazer a chamada exploração positiva, ou seja, buscar negócios inovadores fora do escopo tradicional
- Recrutar pessoas (como um head de inovação) em um setor ou de vários setores para atuar especificamente com esse tipo de exploração
- Fomentar uma cultura em que as pessoas se sintam estimuladas a explorar de forma positiva, de modo que se sintam empoderadas para fazer novas descobertas.
O que a empresa ganha com a ambidestralidade organizacional?
Via de regra, as empresas enfrentam um dilema: manter o que já está funcionando (time que ganha não se mexe) e, ao mesmo tempo, antecipar-se à concorrência pela inovação.
A ambidestralidade organizacional é, de certa forma, um “antídoto” para evitar a sempre perigosa zona de conforto, na qual incontáveis negócios vieram a naufragar.
Por essa razão, há empresas que contam com setores dedicados somente à exploração positiva, garantindo dessa forma que os processos de sempre não sejam tão impactados.
Essa também é uma maneira de reduzir os pontos de atrito entre as alas mais conservadoras e os profissionais ligados à pesquisa e desenvolvimento.
Assim sendo, quando a empresa caminha em direção à ambidestria, ganha novas perspectivas sobre seus próprios negócios.
Veja então quais são elas de que maneira elas conduzem ao crescimento.
Agilidade no processo decisório
Tomar decisões no contexto corporativo é sempre desafiador.
De um lado, a necessidade de dar um passo à frente e, de outro, os riscos que esse movimento pode trazer.
A ambidestria organizacional ajuda a equilibrar as coisas, já que a empresa torna-se capaz de manter aquilo que já vem dando certo enquanto se mexe para inovar.
Competitividade lá em cima
Você sabia que, nesse momento, é possível que o seu mais feroz concorrente esteja trabalhando dentro de uma garagem ou no quarto?
Foi assim que gigantes como Apple e Facebook começaram, vindo depois a desbancar marcas de peso em seus segmentos.
Uma empresa ambidestra é muito mais preparada para lidar com novos entrantes porque ela consegue dar continuidade às suas rotinas sem desviar o olhar do que acontece fora dela.
Capacidade de resposta aos clientes
Não são só os concorrentes que exigem das empresas capacidade de resposta em razão das mudanças. Os próprios clientes e suas constantes buscas por produtos e serviços melhores forçam as empresas a mudar, mesmo quando estão sendo bem sucedidas.
Para aquelas mais conservadoras, acompanhar esses movimentos do consumidor pode ser particularmente difícil quando não se tem uma cultura voltada à exploração positiva.
Dessa forma, a ambidestria organizacional é a soma de habilidades, técnicas e processos que podem tornar uma marca mais “ligada” às volatilidades do comportamento de seus consumidores. Assim, ela consegue dar respostas mais ágeis e, principalmente, dentro das expectativas de seus clientes.
Desenvolve a veia inovadora e disruptiva
A mesma pesquisa da Gartner destacada anteriormente revela que 91% dos profissionais de marketing estão liderando e apoiando iniciativas de inovação.
Ou seja, é como se 9 entre 10 empresas estivessem permanentemente engajadas em explorar novas soluções e mercados.
Inovar é preciso, mas, como fazer isso quando a organização tradicional parece funcionar tão bem?
Portanto, ao trabalhar com pelo menos uma das quatro abordagens que levam à ambidestria, a empresa se coloca em condições de operar na “normalidade” e de inovar ao mesmo tempo.
Exemplos de empresas ambidestras
Uma empresa pode desenvolver sua ambidestria organizacional de diversas formas.
Afinal, cada caso é um caso e, por mais que existam fórmulas, o que vale mesmo é o que funciona para a empresa.
Como veremos a seguir, as que se caracterizam por serem ambidestras encontraram, cada uma do seu jeito, um caminho para aliar inovação e rotina.
Algumas são tão boas nisso que a ambidestralidade é parte do seu DNA, compondo o próprio tripé organizacional de missão, visão e valores.
Por outro lado, isso não quer dizer que uma empresa não possa se tornar ambidestra posteriormente.
Veja na sequência como algumas das maiores em seus segmentos fizeram e fazem isso.
Apple
Poucas marcas levam tão a sério a necessidade de inovar quanto a Apple.
Todo ano, ela lança melhorias em um dos seus produtos mais populares, o iPhone, não importa quão boa seja a última versão.
Esse é um claro exemplo de ambidestria levada às últimas consequências. Ao modificar regularmente seus produtos, a Apple torna a vida dos concorrentes muito mais difícil.
Cabe destacar também que a inovação faz parte do DNA da marca, cuja visão é “fazer diferente”.
A Apple é de fato tão diferenciada que seus hardwares são únicos, demandando assistência técnica altamente especializada.
Spotify
A Spotify é conhecida por ter promovido uma revolução no mercado fonográfico ao modificar completamente sua dinâmica.
Até sua chegada, músicos e bandas só conseguiam receitas basicamente com shows e apresentações, já que a venda de álbuns em suportes físicos deixou de ser uma opção.
Serviços de streaming vieram para mudar esse paradigma, para o qual a Spotify foi pioneira, ao abrir um novo mercado de músicas on demand.
No contexto interno, ela mostra sua ambidestria pelo próprio modelo de gestão, baseado nos “Squads”, o qual tem sido replicado em empresas de diversos segmentos.
Amazon
Sendo uma empresa focada no e-commerce, a Amazon sempre se viu diante da necessidade de reduzir seus custos operacionais com transporte.
Para isso, ela vem ao longo do tempo implementando soluções pouco usuais, como as entregas em um modelo parecido com o do Uber, em que qualquer pessoa física com veículo próprio pode se tornar um entregador.
Mais recentemente, a marca liderada por Jeff Bezos deu mais uma prova de sua ambidestralidade, ao implementar o sistema de entregas em apenas um dia. Ou seja, não importa quão bem as vendas caminhem, na Amazon a inovação não é uma opção, mas uma necessidade.
Magazine Luiza
Entre as empresas brasileiras, uma das que melhor representam o conceito de ambidestria organizacional é a rede de lojas Magazine Luiza.
Até 2017, ela crescia a uma taxa de 10% anuais, detendo a modesta parcela de 6% do mercado brasileiro.
Foi a partir desse ano que ela levou adiante um amplo processo de inserção na Transformação Digital, por meio de campanhas internas de endomarketing para seus colaboradores “adotarem o novo”.
Como resultado, a Magalu passou a registrar margens líquidas de lucro duas vezes maior em seu comércio eletrônico, enquanto os concorrentes registravam sucessivos prejuízos.
Qual o papel da tecnologia para a ambidestria organizacional?
O exemplo da Magazine Luiza e de outras empresas só reforçam a necessidade de implementar a cultura digital nos processos.
Soluções como o software Scoreplan são fundamentais para isso porque não só melhoram a eficiência operacional como abrem caminhos para explorar positivamente o mercado.
Lembre-se: não pode haver inovação onde não existe controle e, nesse aspecto, a única alternativa viável é investir em soluções que permitam melhorar a gestão e o planejamento.
Conclusão
Ser uma empresa ambidestra é a forma de se inserir em um mercado cada vez mais digital, no qual tudo muda ao ritmo de um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo (VUCA World).
Mas, para isso, é necessário contar com o suporte de pessoas e parceiros que possam apoiar tanto nas atividades de rotina quanto nos processos de inovação.
Mantenha-se sempre a par dos últimos conceitos, técnicas e ferramentas de gestão, lendo os artigos desenvolvidos pelo time da Scoreplan.
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