3 diferenças entre Gestão Estratégica e Planejamento Estratégico
Administrar uma empresa não é uma tarefa nada fácil. O caminho rumo ao sucesso é árduo e cheio de obstáculos, e qualquer passo em falso pode colocar tudo a perder. Não é à toa que se estuda tanto o assunto, que existem tantos livros escritos sobre ele e milhares de técnicas para cada aspecto do gerenciamento de uma organização. Um assunto que costuma gerar dúvidas é a diferença entre gestão estratégica e planejamento estratégico.
Embora possam parecer sinônimos, são coisas distintas, ainda que complementares. O planejamento estratégico faz parte da gestão e, por isso, ambos devem estar alinhados.
Aliás, um estudo da Endeavor mostra que a gestão — no caso, de pessoas e financeira — são os maiores desafios enfrentados pelas empresas brasileiras.
Neste artigo, vamos entender melhor o conceito de cada um e as diferenças entre gestão estratégica e planejamento estratégico. Acompanhe!
O que é o planejamento estratégico?
Como o nome sugere, o planejamento estratégico é um plano mesmo, feito com horizonte de longo prazo, algum tempo atrás falava-se entre cinco a dez anos, porém hoje em dia – considerando que o mundo é VUCA, um Planejamento Estratégico pode ser feito considerando um horizonte de dois a três anos – sendo isso considerado “longo prazo”. Ele contém diretrizes gerais que apontam aonde a empresa quer chegar nesse período.
Pensando no planejamento da empresa como uma pirâmide, o planejamento estratégico estaria no topo. Ele é elaborado pela alta administração da organização e tem como características:
- apresentar uma visão da empresa;
- ter uma forte orientação externa;
- focar o longo prazo;
- apresentar objetivos gerais;
- apontar planos de ação.
Para a sua elaboração, é preciso considerar todos os fatores externos e internos que possam impactar a empresa, como o cenário global e a situação do mercado no qual a organização atua. Esse plano se desdobra em outros dois.
O primeiro deles é o planejamento tático, que ocuparia o meio da nossa pirâmide. Ele é voltado para a gerência, traz visão por unidades de negócio ou departamento, com foco no médio prazo. Além disso, define as principais ações por departamento. O planejamento tático, por sua vez, é a diretriz para o operacional, que estaria na base da pirâmide. Aqui, já temos uma visão por tarefas rotineiras, foco no curto prazo e objetivos com resultados bem específicos.
O que é a gestão estratégica?
Quando falamos em gestão estratégica, ela certamente precisa considerar o planejamento estratégico da empresa. Afinal, esse é o documento que serve de norte para qualquer decisão, lembrando de que ele indica o que a alta administração quer para o futuro daquela organização. Dessa forma, não é possível remar na direção contrária.
Ao mesmo tempo, a gestão estratégica tem o dever de conciliar curto, médio e longo prazo. Ela precisa conseguir traduzir os objetivos estratégicos da organização em ações do cotidiano e vice-versa. Ou seja, garantir que o que é feito no dia a dia contribua para alcançar as metas mais gerais definidas no planejamento estratégico.
Assim, é a gestão estratégica que vai ajudar a transformar as diretrizes do planejamento estratégico em orientações para os níveis tático e operacional.
Para isso, ela precisa considerar não apenas as metas e objetivos definidos em cada projeto, mas também todos os outros processos da empresa, incluindo questões relacionadas à produção e à organização.
Em resumo, a gestão estratégica engloba não apenas o planejamento estratégico, mas também a execução das ações e o desenvolvimento da cultura organizacional.
Quais são as diferenças entre planejamento estratégico e gestão estratégica?
Com base no que dissemos acima, podemos apontar 3 diferenças entre o planejamento estratégico e a gestão estratégica. Confira!
1. Horizonte de tempo
O planejamento estratégico diz respeito ao longo prazo, é como uma bússola que aponta a direção que a empresa deve seguir. A gestão estratégica é que precisa unir curto, médio e longo prazo, fazendo com que as ações do dia a dia contribuam para que a organização se mantenha no rumo certo.
Vamos ver um exemplo para deixar isso mais claro. No planejamento estratégico, pode estar definido que um dos objetivos de longo prazo é alcançar a liderança de vendas no seu mercado de atuação. A gestão estratégica vai orientar e conduzir o processo que irá garantir o atingimento desse objetivo, considerando o que precisa ser feito no curto, médio e longo prazo.
2. Fontes de informação
A elaboração do planejamento estratégico costuma usar ferramentas da teoria de administração de empresas, como 5 forças de Porter e Análise SWOT, que ajudam a conduzir o processo e a capturar informações importantes do ambiente.
Por sua vez, a gestão estratégica costuma trabalhar com métricas mais específicas, que fornecem as informações necessárias para os gestores saberem se estão no rumo certo ou se é preciso fazer ajustes. Assim, a gestão estratégica trabalha com o modelo PDCA (Plan, Do, Act e Check, na sigla em inglês).
3. Função
O planejamento estratégico e a gestão estratégica têm funções diferentes, embora complementares. O primeiro exprime a essência da empresa e traz objetivos gerais para o futuro. Já a segunda tem como função traduzir o planejamento estratégico em ações, que vão fazer com que aquelas metas sejam alcançadas lá na frente.
Nesse sentido, a gestão estratégica tem mais flexibilidade que o planejamento. Isso porque é perfeitamente possível alterar as ações táticas, ou seja, a forma como a empresa atua para chegar aos objetivos estipulados no planejamento.
Para tomar decisões em relação a isso, os gestores usam ferramentas como o BSC (Balanced Score Card), que permite enxergar todas as métricas do negócio agrupadas em objetivos estratégicos e em relação de causa e efeito entre elas. Uma das vantagens do BSC é que ele permite categorizar as métricas em diferentes perspectivas. As principais delas são:
- financeira;
- clientes;
- processos internos.
Assim, é possível desdobrar os objetivos traçados no planejamento estratégico em outros menores, por meio de KPIs (Key Performance Indicators, na sigla em inglês), e acompanhá-los de perto pelo Mapa Estratégico do BSC.
Qual a importância da gestão estratégica?
Você viu que, enquanto o planejamento diz “quero ir para”, a gestão estratégica diz o que e como fazer para chegar lá.
E para quem ainda duvida disso, uma evidência do quão estratégia e gestão são fundamentais é a pesquisa “Sobrevivência das empresas” do Data Sebrae.
Segundo o estudo, a mortalidade de empresas, no Brasil, pode ser creditada a uma soma de fatores, entre os quais estão justamente a falta de planejamento e de gestão.
Em outras palavras: quem não planeja e gerencia seu negócio está não só se arriscando a ter resultados ruins como a fechar as portas precocemente.
Por que a gestão estratégica é um processo contínuo?
Por outro lado, gestão e planejamento não são a mesma coisa que engessar a empresa em processos rígidos.
Da mesma forma que pessoas podem se tornar profissionais melhores, com a gestão acontece o mesmo.
Não por acaso, a metodologia Kaizen trata da necessidade de melhorar continuamente como pressuposto de competitividade.
Afinal, estamos em plena Transformação Digital, em que o ritmo das inovações é mais acelerado do que nunca.
Mas, não basta apenas inovar por inovar. Antes de dar um passo à frente, é preciso conhecer o cenário em que a empresa está inserida, seus competidores, obstáculos e vantagens competitivas.
Isso nos leva a um desdobramento importante da gestão estratégica, na qual ela ajuda a empresa a orientar suas atividades tendo em vista os resultados esperados.
Em que consiste a gestão estratégica com foco em resultados?
O grande objetivo da gestão estratégica é servir como um fio condutor, pelo qual a empresa se orienta até atingir suas metas.
Nesse caso, é também uma forma de assegurar que os resultados esperados conforme a definição na etapa do planejamento de fato aconteçam.
No entanto, quando a gestão está alinhada ao planejamento, esses resultados não dizem respeito apenas às metas estratégicas mais abrangentes.
Afinal, como vimos, a gestão se desdobra nos níveis tático e operacional.
Sendo assim, a gestão com foco em resultados cuida para que os resultados a serem alcançados se materializem em todas as esferas.
Imagine, por exemplo, que no nível operacional foi definido que cada vendedor deva trabalhar com a meta de gerar X oportunidades de vendas por mês.
Não precisamos ir muito longe na análise para concluir que, se um ou mais profissionais deixarem de atingir esse objetivo, todo o planejamento estratégico estará em risco.
Logo, é para assegurar que as “engrenagens” da empresa estão azeitadas e “rodando” que a gestão com foco em resultados se presta.
Como gestão estratégica e vantagem competitiva se relacionam?
O professor Michael Porter, em seu livro “Vantagem Competitiva” (Editora Campus), ressalta a importância de avaliar onde e como uma empresa está, dado um certo contexto.
Nesse aspecto, a gestão estratégica é uma forma de se aproximar da excelência, levando assim a empresa a desenvolver vantagens competitivas sobre suas concorrentes.
Ou seja, para ser realmente competitiva, é fundamental que os gestores do negócio conheçam o mercado em que estão competindo.
Além disso, é necessário desenvolver mecanismos de controle internos, de forma que a competitividade dentro da empresa reflita em resultados melhores.
Agora você já sabe o que é gestão estratégica e quais são as diferenças em relação ao planejamento estratégico. É importante mencionar que esse gerenciamento é considerado tão essencial quanto o plano, para o sucesso de uma empresa. O planejamento é importante, mas é como uma carta de intenções – gerenciar a empresa no dia a dia e tirar esses objetivos do papel já é bem mais complexo.
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