BHAG

BHAG: a sua empresa possui uma Grande Meta Audaciosa e “Cabeluda”? Entenda

BHAG, ou Big Hairy and Audacious Goals (metas audaciosas e cabeludas), é um dos tipos de meta que mais geram controvérsias, embora a experiência prove que ela é viável e muito relevante.

Talvez porque, aparentemente, ela vá de encontro a um dos princípios elementares comuns aos métodos convencionais, que é traçar metas ousadas mas, sobretudo, realistas.

O que os gestores que rejeitam as BHAGs parecem não perceber é que a ideia por trás desse tipo de objetivo de negócio é ser muito mais do que uma simples meta.

Afinal, como veremos a partir de agora, o termo surgiu em função de casos reais de empresas que foram realmente longe em seus nichos de atuação.

Acompanhe!

De onde surgiu o termo BHAG?

Enquanto conceito, as BHAG surgem com o livro “Feitas para durar: práticas bem-sucedidas de empresas visionárias” (1994), de James C. Collins e Jerry I. Porras.

Segundo os autores, elas são parte do conjunto de medidas, aspectos culturais, visão e valores que levaram grandes empresas a se tornarem gigantes em seus segmentos.

Note que adotar uma BHAG não quer dizer que sua empresa vai se tornar uma super multinacional, contudo, esse é um traço comum nas que chegaram lá.

O exemplo mais icônico desse tipo de meta foi a declaração do ex-presidente americano John F. Kennedy.

Em 1961, ele determinou que, até o fim da década, o governo dos Estados Unidos deveria ser capaz de mandar uma pessoa à Lua, garantindo seu retorno à Terra em segurança. 

Por que é importante definir esse tipo de meta?

Em um brilhante e exaustivo trabalho de análise e pesquisa do histórico das principais grandes empresas, Collins e J.Porras definiram uma série de características comuns a elas.

Assim, as metas audaciosas e cabeludas nada mais são do que a consequência de uma forma de organizar um negócio para prosperar, não importa quem esteja no comando.

Elas acabam servindo como um suporte para orientar a empresa, seus líderes e colaboradores, mesmo nos momentos de crise.

No livro, eles usam o exemplo da Ford que, na década de 1980, amargou prejuízos bilionários mas, mesmo assim, se manteve fiel aos seus princípios.

Portanto, uma BHAG é, ao mesmo tempo, uma bússola orientadora e um esteio no qual as pessoas podem se apoiar quando os negócios não caminham tão bem.

Quais empresas usam?

Não é de hoje que objetivos ousados são adotados desde a fundação das empresas.

É como se fosse, no nível pessoal, o grande sonho de consumo ou profissional que todos nós temos e que podemos ou não perseguir ao longo de nossas vidas.

Veja abaixo alguns exemplos:

  • Google : “Organizar a informação do mundo e torná-la universalmente acessível e útil”
  • Space X: “Permitir a exploração humana e a colonização de Marte”
  • Merck: “Transformar esta empresa fabricante de produtos químicos em uma das fabricantes de medicamentos mais proeminentes do mundo”
  • Giro Sport Design: “Tornar-se a Nike da indústria do ciclismo”
  • Microsoft: “Um computador em cada mesa e em cada lar”

Quais os tipos de BHAG?

Uma rápida lida nas metas BHAG acima já nos indica que elas podem variar bastante entre si ao considerarmos o teor de cada uma delas.

Por exemplo, a meta da Giro Sport Design está claramente referenciada em uma outra empresa gigante e que também atua no segmento de esportes.

Por sua vez, a da Microsoft é bastante clara e concisa em sua proposta comercial, enquanto a da Merck tem um viés mais expansionista.

Dessa forma, além de ser alinhada à cultura da empresa, uma meta cabeluda também pode ser definida conforme a projeção que seus líderes fazem para o negócio em longo prazo. Conheça algumas possibilidades nesse sentido. 

Mudança interna

Você sabia que a poderosa IBM um dia vendeu moinhos de café e balanças de açougueiro?

Entre 1911 e 1924, ela se chamava Computing-Tabulating Recording Company e estava longe de ser a potência tecnológica que conhecemos hoje.

Foi então que seu fundador, Thomas J. Watson Sr., decidiu que o nome da companhia deveria mudar, refletindo assim sua ambição de se tornar uma referência global.

Nascia então a International Business Machines, a IBM, uma das mais icônicas marcas de hardwares e softwares já conhecidas.

Esse é um exemplo de BHAG pautada na necessidade de mudança de postura da empresa que, a partir de uma meta grandiosa, justifica sua própria transformação.

Orientado para resultado

Não é porque uma meta é audaciosa que ela não pode ser traduzida em números. 

Aliás, esse é um princípio aplicado em outros métodos convencionais que continuam valendo ao estipular uma BHAG.

Um exemplo disso é a meta da G4 Educação, segundo a qual o grande objetivo é “ajudar nossos alunos a gerarem mais de 1 milhão de empregos até 2030”.

A já destacada Microsoft também traz um bom exemplo de meta orientada para um resultado específico, ao determinar que sua busca é por colocar um computador em cada mesa.

Benchmarking

Se tem uma coisa que as empresas que trabalham com metas ousadas sabem é que toda experiência é válida em um processo de crescimento.

Nesse sentido, há aquelas que preferem definir BHAGs em uma linha pautada no benchmarking, ou seja, no que outras empresas fazem ou fizeram.

Ao declarar que pretende se tornar a “a Nike da indústria do ciclismo”a Giro Sport Design deixa claro que esse é o seu referencial de sucesso.

Naturalmente, quando se trabalha dessa forma, é preciso tomar muito cuidado para não se limitar a uma simples cópia.

A ideia é tornar a empresa uma referência em seu segmento, tomando para isso como elemento balizador o caso de uma outra empresa de grande destaque. 

Competitivo

Por falar em Nike, na década de 1960 ela estipulou um dos BHAGs mais agressivos que se conhece: “esmagar a Adidas”, sua principal concorrente.

Claro que, nesse caso, o esmagamento não é por meio de um rolo compressor ou armas, mas pela performance comercial.

Esse tipo de meta cabeluda, por outro lado, traz um componente motivacional ainda mais forte, se comparada com as de outros tipos.

Lembre-se que um dos propósitos ao definir esse tipo de objetivo é criar um norte, para o qual todas as ações das pessoas na empresa devem se orientar.

Como definir corretamente (sem “viajar” muito)?

Ainda que não tenha essa pretensão, o livro “Feito para Durar” pode ser considerado como um verdadeiro manual para orientar empresas em seus processos decisórios.

A respeito das metas, a mensagem que ele deixa é que elas estejam, sempre, alinhadas aos valores e propósito da empresa.

Da mesma forma, é indispensável que elas tenham relação com a sua atividade-fim, embora o sucesso não esteja necessariamente atrelado a um produto específico.

A Boeing, por exemplo, deixa claro em sua ideologia que a construção de jumbos é uma prática sujeita a mudanças.

Contudo, o mais importante para a definição de uma meta audaciosa é que ela esteja ligada umbilicalmente ao propósito da empresa e que reflita sua cultura.

Que erros são mais comuns ao estipular essas metas?

Se em métodos convencionais usados para estipular metas cometem-se erros, o risco é ainda maior ao traçar uma BHAG.

Veja então, na sequência, que tipos de erros sua empresa pode esquivar-se de cometer ao decidir trabalhar com objetivos mais ousados.

Voar longe demais

O ponto mais importante ao determinar uma meta, ainda mais se ela for extremamente ambiciosa, é que ela não fuja do escopo daquilo que a empresa faz.

Mais uma vez, vale ressaltar que isso não quer dizer que ela deve se apegar aos produtos que vendem (como fez a Nokia, por exemplo), mas sim se manter fiel aos seus princípios.

Não definir um plano de ação

Metas BHAG, em geral, são definidas para serem alcançadas em, pelo menos, 10 anos, com algumas podendo ser atingidas em até 25.

Por outro lado, isso não quer dizer que, nesse prazo, não se deva trabalhar com metas mais curtas ou abrir mão de um planejamento estratégico com ciclos mais curtos, como de 1 e 2 anos.

No final, metas menores acabam contribuindo para que as BHAG sejam efetivamente alcançadas dentro de planos de ação contínuos e sucessivos.

Falhar no processo sucessório

Um aspecto muito importante destacado na obra de Collins e Porras é o do processo de sucessão de líderes.

De fato, em todas as empresas que eles estudaram, encontraram em comum o fato de que nenhuma delas dependia excessivamente das pessoas nos cargos de liderança.

Para isso, elas implementaram rigorosos processos de sucessão e políticas contundentes para garantir que todos que viessem a comandá-las estariam na mesma “vibe”.

Pular etapas

Já diz o provérbio cihnês que “toda grande jornada começa com o primeiro passo”.

Ter uma meta ambiciosa não significa que o dia a dia deva ser ignorado ou que metas menores não são importantes.

Por isso, é fundamental que a empresa esteja disposta a subir um degrau de cada vez na jornada que levará aos seus grandes objetivos.

Abandonar outros tipos de meta

Metas BHAG não são e nem devem ser o único conceito ou método para se basear ao definir metas.

Adotá-la não é o mesmo que deixar de lado ferramentas consagradas como as metas SMART e OKR, entre outras.

Logo, quanto mais ferramentas a empresa utilizar para definir metas ousadas, alcançáveis e estratégicas, mais chances terá de alcançar seus objetivos no menor tempo possível.

Outra postura importante nesse processo de crescimento é se manter atualizado e informado.

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