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Design Estratégico: entenda como utilizar em um planejamento inovador e colaborativo

O design tradicional você já conhece. Ele tem como foco a criação de soluções quando falamos de produtos, serviços e os próprios espaços. Mas… E o Design Estratégico? Você sabe para que ele serve e qual é a sua importância?

Para iniciar este artigo, antecipamos que o Design Estratégico busca soluções eficientes também, mas levando em conta o contexto de organizações e instituições. Além disso, serve para identificar oportunidades que poderiam passar despercebidas.

Em um mercado onde os consumidores cada vez mais compram experiências em vez de apenas “coisas”, o assunto do nosso conteúdo torna-se fundamental para quem quer se destacar. Para conhecê-lo mais a fundo e saber como aplicar na sua empresa, siga lendo!

O que é Design Estratégico

Para explicar o Design Estratégico, podemos dizer que se trata de uma metodologia de administração, gestão e governança que tem como objetivo principal direcionar e sustentar diferentes relações, sejam internas ou externas.

É conhecido por respeitar valores e crenças ao mesmo tempo em que proporciona rápidas adaptações a mudanças. Dessa forma, possibilita que diversos atores, stakeholders e investidores diretos ou indiretos do negócio atuem em sinergia.

Assim, fica claro que é uma área que busca e torna realidade novos modelos de negócio, novas interações, novas formas de atendimento a clientes, entre outros exemplos. É quando as possibilidades de inovação passam a existir em todo o contexto de um negócio, não apenas naquilo que chega ao consumidor final.

De onde surgiu o Design Estratégico

Você sabe e nós também sabemos que até pouco tempo o design infelizmente era visto apenas como um adorno para a comunicação da empresa. Um recurso pensado só para gerar um valor estético, para algo ser “bonito”.

Porém, com a evolução da tecnologia e as transformações no mercado, começou a se perceber que era necessário mudar essa percepção. Não adianta apenas ser algo “bonito”. Era preciso ir além. Então, surge o Design Estratégico como um integrante essencial do planejamento estratégico das empresas.

Tudo começou quando a Revolução Industrial entrou na sua terceira fase, com o crescimento da tecnologia após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, houve o surgimento da identidade corporativa, aquela que olha para o todo, não só para o produto. A partir daí, o design passou a ser trabalhado em tudo o que era visível para o consumidor, da loja até os anúncios.

Até que, aos poucos, as áreas do design e da administração foram se aproximando, valorizando o papel de planejamento do design, além do caráter estético. Assim, surge o conceito de Sistema Produto-Serviço (SPS) e, na década de 1990, o design deixa de ser operacional e alcança o posto de estratégico.

Mesmo que o termo “Design Estratégico” exista há relativamente pouco tempo, algumas de suas tendências foram absorvidas de modo natural pelas empresas. Porém, é preciso ficar atento, já que há uma grande diferença entre apenas seguir uma moda e agir realmente a partir de uma estratégia.

Qual a função do Design Estratégico

O mercado atual não apenas pede, mas exige que as organizações busquem inovações e soluções mais competitivas. É aqui que o Design Estratégico entra, porque oferece às empresas a possibilidade de criar processos de gestão mais eficazes, o que acaba gerando mudanças operacionais positivas, como a própria entrega do produto ou serviço.

Mas como isso é feito? A resposta é que o Design Estratégico tem a capacidade de ver, prever e fazer ver. Ou seja, a partir de uma visão curiosa e crítica, identificam-se sinais de mudanças e, então, é possível prever tendências de comportamento e consumo. Após, é preciso colocar em prática o que se previu.

A função do Design Estratégico, então, é encurtar a jornada para a inovação com o uso de técnicas e um jeito de pensar próprios do design, o que impacta diretamente a construção da estratégia da organização como um todo.

Para que de fato essa metodologia seja aplicada, é preciso que o mindset da empresa esteja alinhado a ela. Isso porque para que o consumidor usufrua de uma verdadeira experiência positiva, é preciso que haja um engajamento geral.

Além disso, outra função do Design Estratégico é trazer melhorias para o trabalho cooperativo entre as diferentes áreas de uma organização, como por exemplo a colaboração entre setores como comercial, marketing e tecnologia da informação.

Quais as vantagens do Design Estratégico

Os benefícios que o Design Estratégico pode trazer para o seu negócio são diversos. A seguir, listamos alguns deles. Confira alguns deles:

Valor de mercado

O investimento em Design Estratégico afeta de forma positiva o valor de mercado da empresa, já que proporciona diferenciação e qualidade, o que acaba por aumentar a sua competitividade. Prova disso é a atribuição de cargos de liderança aos profissionais da área, como na pioneira Apple, onde o designer Jonathan Ive assumiu a função de Chief Design Officer.

Olhar visionário

Em um mundo cada vez mais complexo, o Design Estratégico tem o poder de, a partir de um olhar crítico do momento presente, produzir insights diferenciados e, então, visualizar o futuro. Dessa forma, antes de partir para a ação, se propõe a refletir, analisar e estudar, o que possibilita decisões mais assertivas.

Inovação

A capacidade de inovar do Design Estratégico é uma vantagem a partir da sua visão estratégica organizada, com a qual é possível compreender de forma mais clara os entraves e, assim, ir em busca de soluções mais eficazes. Além de oferecer novas configurações de processos, faz isso com respeito aos diferentes agentes e de forma sustentável.

Diferenciação

Pode parecer uma vantagem óbvia, mas com o Design Estratégico é nítido que uma organização tem mais chances de se diferenciar no mercado e em meio à concorrência, por estar sempre com os olhos lá para frente, o que a faz ganhar espaço em um contexto competitivo.

Melhoria na gestão

A gestão de uma empresa nada mais é do que agir com o objetivo de que todas as áreas conversem entre si da maneira mais eficaz possível. Nesse ponto, aplicar a metodologia do Design Estratégico pode tornar os processos de administração mais claros, organizados e baratos. Sim, é possível reduzir custos quando pensamos e agimos de forma estratégica.

Relacionamento mais próximo

Uma consequência natural das ações do Design Estratégico é o estreitamento da relação entre consumidores e a empresa. Ambos se tornam mais próximos porque a organização está sempre buscando formas de melhorar ainda mais a experiência do cliente. Assim, ele passa a se sentir mais valorizado, o que potencializa a sua fidelização.

Qual a relação entre o Design Estratégico e o Planejamento Estratégico

Mas qual é a relação entre o Design Estratégico e o Planejamento Estratégico dentro de uma empresa, afinal? Antes de responder a essa pergunta, vale relembrar que se um negócio quer crescer de forma sustentável, é preciso ter claro que pensar de forma estratégica é fundamental.

Como o Design Estratégico é um método que possibilita o surgimento de  insights diferenciados, como falamos acima, mostra-se como uma ferramenta que pode contribuir muito para que as metas definidas pela empresa sejam alcançadas, já que nos ajuda a enxergar novas possibilidades.

Além disso, é uma metodologia que vem contribuir na identificação e compreensão dos clientes, ou seja, saber quais são as necessidades e desejos, assim como as dificuldades e aflições da persona. Para um planejamento estratégico efetivo, esse ponto é imprescindível.

Por incidir nos processos de gestão, proporcionando novas formas de realizar procedimentos já defasados – como a própria migração de uma gestão vertical para uma horizontal, permite que os colaboradores tenham mais presença na criação de estratégias, o que sem dúvida gera mais engajamento, essencial para que todo planejamento estratégico saia do papel e seja vivido na prática.

Case IKEA de Design Estratégico

Se falamos de Design Estratégico, quase que automaticamente lembramos do case da Ikea. A icônica marca de móveis, cuja terra natal é a Suécia dos anos 1940, virou um sucesso em todo o mundo vendendo para a classe média e oferecendo uma relação custo-benefício como poucas empresas conseguiram até hoje.

Para entender porque a Ikea é um exemplo, temos que começar do começo. Desde sua fundação, ela preserva os valores do seu fundador Ingvar Feodor Kamprad, que na época tinha apenas 17 anos. Até o nome carrega simbolismo: as duas primeiras letras (I e K) são as iniciais do fundador e as duas últimas (E e A) remetem à fazenda onde ele nasceu e ao local onde a empresa foi criada (Elmtaryd e Agunnaryd).

Com quase 80 anos de história, é uma empresa sólida presente em 48 países, com mais de 40 fábricas pelo mundo e cerca de 400 lojas, sendo a maioria franquias. Com a pandemia, viu a oportunidade de investir em e-commerce, ainda mais por usufruir do “monte em casa”. Em outras palavras, é um exemplo de que tradição e inovação podem, sim, andar juntas.

Ikea: design democrático e preço baixo

Outro destaque em relação à Ikea é a clareza do seu conceito de negócio e de marca: design democrático e preço baixo. O foco deles é oferecer uma ampla variedade de produtos para casa que sejam funcionais, de qualidade e com preço acessível. Além disso, estimulam a atitude do “faça você mesmo”. Dessa forma, criaram um estilo próprio, o estilo Ikea, que virou uma espécie de “marca registrada”.

Dessa forma, todos os produtos seguem a mesma lógica. O portfólio apresenta móveis multifuncionais e objetos não apenas para uma casa, mas para um lar realmente. Assim, fica fácil perceber que a Ikea não vende apenas “coisas”, mas um convite ao bem-estar no espaço que é muitas vezes o nosso refúgio em uma sociedade tão agitada.

Para se diferenciar ainda mais, deixa a montagem a cargo do consumidor, que é quem também fica responsável pelo transporte das peças, devidamente embaladas e com manual de instrução, o que diminui os custos da empresa com transporte e montagem. Isso só é possível porque o contexto foi analisado, algo que o Design Estratégico é capaz de fazer. A sustentabilidade, muito forte na cultura sueca, é contemplada no uso de tecidos naturais, acabamentos simples, minimalismo e madeiras claras.

A comunicação da Ikea

Design também tem a ver com comunicação e isso a Ikea sabe fazer bem também. A forma de se comunicar da empresa faz sentido com o que ela propõe, já que se utiliza do humor e do aconchego. Além das criativas campanhas publicitárias, a Ikea tem como ícones o famoso catálogo e a embalagem única. Todos os detalhes são levados em consideração.

Além disso, as grandes lojas da Ikea são outro fator pensado estrategicamente para não apenas vender, mas impulsionar o relacionamento com o usuário e a presença da marca. Os espaços são projetados de forma estratégica para que o cliente tenha a melhor experiência possível, sentindo na pele o estilo Ikea de viver.

Grandes, elas foram criadas para serem replicáveis ao redor do mundo com as mesmas características em cada um dos andares, os quais são compostos por exposição de ambientes, depósito e retirada de mercadorias pelos clientes e amplo estacionamento, com acesso facilitado a rodovias.

A identidade visual também é clara, já que as lojas são “simplesmente” caixas azuis com a logo em amarelo, independentemente do país. Desde 2008, decidiram abrir lojas menores localizadas no centro de cidades, onde não há estacionamento, para que fossem acessíveis também a quem usa transporte público.

A marca oferece ainda serviços como Ikea Family (programa de relacionamento e fidelidade), workshops, restaurante, serviços de montagem e de entrega. Além do app Ikea Place, onde o cliente pode visualizar o produto na sua casa.

Embalagens Ikea: inconfundíveis

As embalagens Ikea são um espetáculo à parte. Ao mesmo tempo em que reforçam a comunicação da empresa, trazem as instruções de montagem dos produtos. Os manuais Ikea não possuem texto, apenas ilustrações e ícones que são entendidas por qualquer pessoa, não importa qual língua fale. O objetivo é que o produto seja fácil de montar. E isso eles atingem.

A embalagem também protege o produto durante o transporte, o que faz com que se perceba ainda mais a importância do design na sua criação. Como deu para perceber, todas as áreas da Ikea atuam de forma integrada. Setores como administração, conceito, produto, comunicação, distribuição, serviços e embalagem conectam-se de maneira eficaz. Para atuar dessa forma, o Design Estratégico é obrigatório.

Como adotar o Design Estratégico na sua empresa

Agora que você já sabe o que é Design Estratégico e quais são seus benefícios, além de ter conhecido a Ikea, vamos falar sobre como é possível aplicar esse método no seu negócio. Confira a seguir:

Conheça sua persona

Pode parecer repetitivo, mas conhecer sua persona é importante porque só assim será possível se conectar com ela de forma simples e transparente, construindo realmente uma relação entre cliente e empresa. Após entender quais são as principais dores e necessidades dos seus consumidores, o design estratégico passa a ser o principal pilar para a construção e a transmissão das mensagens.

Vá atrás de feedbacks

Para entender cada vez melhor o que o seu consumidor precisa, é importante fazer pesquisas de mercado ou conversar com os próprios clientes. Dessa forma, você conhece de forma mais profunda a sua persona. Nesse momento, devemos lembrar que tão importantes quanto os dados quantitativos são os dados qualitativos. Afinal, para alcançar a inovação, é preciso ir além dos números.

Busque inspiração

Apesar do Design Estratégico propor padrões de análise que podem ser repetidos, é importante ir além disso e buscar inspiração na própria área de atuação e nos concorrentes. Obviamente, não com o intuito de copiar as ações que já estejam sendo feitas, mas com o objetivo de agregar conhecimento sobre a própria área e, sem dúvida, fomentar novas soluções.

Teste, teste e teste

O teste de uma ação de Design Estratégico lembra um protótipo de um produto físico, mas não exatamente, já que estamos falando de algo mais subjetivo. Mas é possível testar uma estratégia de marca. Como? É preciso de alguma forma chegar até o consumidor, aquele que compra. Então, é possível realizar grupos focais e clientes ocultos. Assim, já se consegue ter uma noção do impacto.

Desenvolva a integração

Por essência, o Design Estratégico apresenta uma abordagem de criação conjunta, a qual contribui para que seja feita a conexão entre diferentes pontos da complexa rede de relacionamentos entre empresa, equipes e clientes. Ao incluir diversas áreas de especialização, é possível chegar à “arquitetura do problema”, onde ficam mais claras as oportunidades de melhoria e resolução de problemas.

Tire proveito das habilidades visuais

O Design Estratégico destaca a importância da representação visual, já que por ela é possível comunicar relações complexas, que seriam difíceis de serem entendidas apenas com o uso de texto e números. Apenas planilhas e ferramentas similares não são mais suficientes para que se consiga enxergar o todo. Por isso, tirar proveito de representações em imagens interativas e vídeos auxilia as organizações a não apenas resolver problemas, mas estimular a cultura da inovação.

Fazer acontecer

Boas ideias são ótimas e devem ser estimuladas. Porém, mais do que isso, é preciso colocá-las em prática. Mas da forma correta. Nos últimos anos, o valor da criatividade quando falamos de negócios só cresce. Portanto, aqui se entende que o Design Estratégico vai além do “pensar fora da caixa”, mas principalmente garantir a implementação das ideias pensando no crescimento do todo.

Conclusão

Antes de pensarmos em Design Estratégico, precisamos lembrar do conceito tradicional de design. Afinal, é ali que tudo começa. Dessa forma, é importante partir de que o design tem como foco a criação de soluções, seja em relação a um produto, um serviço ou um espaço físico.

Por outro lado, quando falamos de estratégia estamos falando de um olhar para o futuro. Assim, a tarefa do Design Estratégico dentro de uma empresa é criar soluções pensando no futuro dela. A partir do estudo de tendências e da própria estrutura da empresa, consegue-se criar formas de tornar a empresa mais integrada e sustentável, além de obviamente inovadora e criativa.

Com a sua visão de otimização, o Design Estratégico foca na competitividade, na busca pela inovação e na construção da imagem da marca. Por isso, muitas vezes é visto como uma verdadeira ponte que liga as áreas de gestão, inovação e design. Afinal, todos sabemos que o mercado atual exige que pensemos de forma holística.

Em relação às vantagens de adotar o Design Estratégico e a mentalidade tática dos profissionais da área, podemos citar as principais como maior eficiência, maior espírito de equipe, melhores relacionamentos interpessoais, longevidade empresarial e inovação constante.

As dicas para implementar o Design Estratégico a uma organização se assemelham ao planejamento e a execução de um projeto específico, como a sequência dos seguintes passos: avaliar, entender, aprender, executar e verificar. Pode não ser do dia para a noite que as transformações serão notadas, mas com certeza é uma construção sólida.

Para usufruir de todos os benefícios dessa metodologia, é preciso contar com uma equipe que se dedica a entender e colocar em prática os conceitos descritos neste artigo. Por vezes, pode ser interessante buscar uma consultoria especializada na área, o que pode facilitar o processo.

Você provavelmente percebeu ao longo da leitura que o Design Estratégico é muito mais do que uma metodologia, mas sim se trata de uma mentalidade. Então, para que seja implementado com sucesso e que seus frutos sejam colhidos, é preciso um trabalho de mudança de mindset das equipes, o que inclui as lideranças às bases. Todos devem estar envolvidos.

Para finalizar, podemos dizer que o Design Estratégico é uma maneira diferente de ver os problemas e as oportunidades que possibilita implementar soluções inovadoras. Mesmo que mudanças possam gerar resistência em um primeiro momento, no mundo dos negócios muitas vezes as velhas fórmulas precisam ser superadas. Fazer isso com inteligência é o segredo.

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